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A mostrar mensagens de maio, 2012

Desemprego: uma oportunidade de futuro

Pedro Passos Coelho afirmou que o desemprego pode ser uma oportunidade para mudar de vida. E o país estalou de indignação. Chegámos a um ponto em que dizer o óbvio se tornou numa perfídia terrível para os espíritos mais sensíveis. Podia fazer aqui a apologia do primeiro-ministro. No entanto, prefiro transcrever um anúncio de trabalho que encontrei num café ao pé de minha casa. Acho que após a sua leitura, muita gente considerará injustas as críticas que fez. Desemprego procura novos colaboradores Somos uma multinacional com uma forte implantação em todo o mundo que neste momento atravessa um período de grande crescimento em Portugal. Por essa razão, procuramos novos colaboradores que queiram iniciar uma carreira promissora e contribuir para o nosso sucesso nas décadas vindouras. Em contra-ciclo com a maioria das empresas a operar em território português, obtivemos os melhores resultados da nossa história no primeiro trimestre de 2012. Já conquistámos 14,9% da quota de

A ditadura do cliente Pingo Doce

Passou despercebida a campanha promocional que o Pingo Doce realizou no Dia do Trabalhador. É sempre assim. Preocupada que anda a discutir questões menores como o desemprego, a dependência do petróleo ou as alterações climáticas, a comunicação social não noticiou o que realmente interessa aos portugueses. De facto, bem merecia algumas linhas de mediatismo o genial golpe de marketing do Grupo Soares dos Santos. Graças a ele, as pessoas conseguiram comprar num só dia os mantimentos suficientes para sobreviver a mais três mandatos de Pedro Passos Coelho e da Troika. Além disso, recriaram com um rigor invejável os acontecimentos ocorridos na cidade de Chicago em Maio de 1886. Quem não recordou a jornada de luta por melhores condições laborais na Praça Haymarket ao ver a jornada de luta pela posse do bacalhau seco nas lojas Pingo Doce? Quem não vislumbrou a reivindicação pelas oito horas de trabalho no protesto pelas oito horas de espera nas caixas dos supermercados? Quem não se lembro

Faça o luto com segurança: use o preservativo

Em Abril de 2012, o Presidente do Malawi, Bing wa Mutharika, morreu de ataque cardíaco aos 78 anos. No dia do funeral, os malawianos expressaram a sua dor da forma esperada perante um acontecimento desta natureza: compraram preservativos em larga escala. Já em Abril de 1974, os militares portugueses derrubaram uma ditadura repressora de quase meio século e o povo não encontrou melhor maneira de celebrar esse momento histórico que não fosse com a compra maciça de cravos. Sinceramente, nunca pensei ver o dia em que o Malawi desse uma lição de vanguardismo social a Portugal. É motivo para sentir vergonha. A minha última esperança é que um historiador mais perspicaz consiga, dentro em breve, demonstrar que, ao contrário do que se tem dito, o que os portugueses ostentavam na lapela dos casacos durante o dia 25 de Abril de 1974 eram preservativos com sabor a cravo. Só assim será reposta a minha confiança na virilidade democrática do povo lusitano. Os publicitários também têm razões