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A mostrar mensagens de outubro, 2012

Uma campanha que não levanta ondas

O Turismo de Portugal lançou recentemente uma campanha em que oferece um bilhete de regresso ao nosso país aos surfistas estrangeiros que não encontrem, durante três dias consecutivos, ondas com mais de meio metro de altura em 28 praias pré-seleccionadas. Trata-se de uma iniciativa que prima pela ousadia e irreverência, porque em apenas 700 quilómetros de costa, o mais provável é que ninguém descortine uma única vaga digna desse nome. Na verdade, esta campanha faz tanto sentido como o Turismo de Inglaterra ofertar o Palácio de Buckingham ao turista que ficar bronzeado numa semana sob o sol tórrido de Londres. Já o nível de atrevimento é equivalente ao daqueles políticos que prometem baixar impostos e aumentar salários caso encontrem o défice controlado, o PIB a subir e o desemprego a descer quando forem eleitos para o cargo de primeiro-ministro. Mais proveitoso seria se o Turismo de Portugal desse à Angela Merkel um bilhete de volta a Lisboa se porventura não encontrar qualquer Go

As cornadas que doem mesmo

Depois de terem ceifado a vida a um pastor em Setembro, os touros que campeiam livremente na aldeia de Segura, concelho de Idanha-a-Nova, voltaram a investir na semana passada. Desta vez foi um caçador que ficou gravemente ferido, com perfurações no pescoço, num dos pulmões e membros inferiores. Entretanto, não muito longe, mais precisamente em Vale Prazeres, vinte e duas ovelhas sucumbiram aos ataques de várias dezenas de abutres e grifos. Podia continuar a fazer o inventário de episódios semelhantes, no entanto, penso que a mensagem já terá passado: se há sítios em Portugal onde a vida ainda tem emoção e sabor, a Beira Baixa é claramente um deles. Não é apenas a fruição de dias bem preenchidos que tornam aquela região especial, mas também a ausência de preocupações. Ali as pessoas levam uma vida feliz e suave, como o fluir de um regato de águas transparentes, em contraste flagrante com a austeridade granítica que reveste o resto do país. Veja-se o exemplo da aldeia de Segura: o

A crise vai bem com Nestum de Figos

Quando em 2002 a situação do país piorou, registou-se um aumento no consumo de Nestum e, uma década depois, em virtude da grave crise financeira actual, a facturação da marca disparou sete por cento no primeiro semestre de 2012. A conclusão que se tira é que no que toca a pacotes anti-crise os portugueses preferem indubitavelmente o da Nestum. Trata-se de uma escolha óbvia: de todos os que surgiram até hoje, é de longe o mais doce e fácil de engolir. A substituição dos almoços e jantares habituais por papas é não só uma prova de abnegação mas também um acto patriótico dos portugueses, uma vez que a Nestum foi criada em Avanca, concelho de Estarreja, no ano de 1958. Se a crise continuar a rapar o bolso dos contribuintes, o próximo passo será trocar o gel banho pelo sabão macaco do Barreiro, a espuma de barbear pelo azeite Gallo de Abrantes e o Vítor Gaspar por um ministro que ajude de facto as finanças do país. Por outro lado, os portugueses estão a provar que as habituais defi