Mensagens

A mostrar mensagens de abril, 2013

Bacalhau: 365 maneiras de aditivá-lo

Os portugueses têm capitulado em várias frentes de guerra. Foram espezinhados pelo galope incessante do desemprego, abalroados pela avalancha inexorável do défice e trespassados pela lança infindável da austeridade. No entanto, nada os preparou para a humilhação que se avizinha: a derrota na contenda do bacalhau frente à Dinamarca, Islândia e Noruega. Na verdade, contra a vontade de Portugal, o triunvirato nórdico está perto de ver aprovada a introdução de aditivos alimentares na secagem do bacalhau por parte da União Europeia. Para ser mais específico, os pomos da discórdia são os polifosfatos E-450, E-451 e E-452, os quais podem adulterar o sabor do fiel amigo. Portanto, depois da gasolina, o símbolo maior da cozinha portuguesa corre o risco de ser igualmente aditivado. Face a este cenário, não me admira que, em breve, as peixarias comecem a comercializar Bacalhau GForce. Ao contrário do bacalhau tradicional, aquele deverá aumentar a performance do estômago no processo digesti

O Presidente-Fortaleza

Elvas tem andado sobressaltada. Acorda todas as noites, insone, com olheiras fundas. E o caso não é para menos. O Presidente da República teve a desfaçatez de a eleger como anfitriã das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Antes de avançar, a frase anterior carece de várias rectificações. Em primeiro lugar, a expressão 'comemorar Portugal' tresanda a excentricidade. Quem é que comemora Portugal em 2013? Provavelmente apenas quem não tem sensibilidade social ou é banqueiro, passe a redundância. No fundo, comemorar Portugal é o equivalente a celebrar o desastre de Chernobyl, embora neste caso as consequências para a saúde  tenham sido bem menores do que viver em Portugal no século XXI. Portanto, talvez seja mais apropriado afirmar que o 10 de Junho é o dia da lamentação de Portugal. Claro que o nome próprio Portugal também causa engulhos a todos os zelotas do rigor. Como devem estar recordados, é um vocábulo que caiu em desuso a partir de 201

Icebergue – o fim do silêncio

Acaba de chegar o icebergue que, alegadamente, afundou o Titanic no início do século passado. Vem dentro de uma arca frigorífica da Ariston com capacidade para três mil litros e ladeado por dois pinguins imperadores que trajam o já habitual smoking preto e branco. A arca frigorífica parou neste momento à entrada do estúdio onde se vai realizar a entrevista que marca o fim do silêncio do icebergue, 101 anos após a tragédia do Titanic. No interior, a temperatura ronda os 25 graus negativos para que não se dê o caso de o icebergue derreter antes de explicar o que aconteceu ao certo na noite do naufrágio do Titanic. Por essa razão, o nosso colega que vai conduzir a entrevista, José Brito, enverga hoje um casaco de camurça de tom beije a condizer com a sua gravata ocre com riscas diagonais amarelo tostadas. Há neste momento um compasso... Um compasso de espera, evidentemente, para que os pinguins destranquem a arca frigorífica... Bom, parece que estão com algumas dificuldades devido ao