Não há ambiente para a economia crescer

Aconteceu o que se esperava. O ministro Álvaro Santos Pereira cansou-se de assistir à profunda estagnação da economia nacional e apontou, corajosamente, o dedo ao culpado. O alvo da sua ira foi, como não podia deixar de ser, o fundamentalismo das regras ambientais que, de acordo com as suas palavras, “prejudica a nossa indústria e o nosso emprego”.

É uma análise que peca por tardia. Há muito que todos os especialistas indicavam o ambiente e as regras que o protegem como um dos grandes obstáculos ao crescimento do país, apesar de algumas pessoas preferirem ignorar esse facto. Uma delas é a ministra Assunção Cristas, que criticou duramente o seu colega, chegando ao ponto de dizer que ficou “chocada” com as suas declarações. Portanto, só dentro do Governo, as palavras de Álvaro Santos Pereira conseguiram chocar a Ministra da Agricultura, a Ministra do Mar e a Ministra do Ambiente e Ordenamento do Território. Houve executivos que já caíram por abalos bem menores.

Pelo que ficou dito em cima, nunca é demais fazer pedagogia quando se trata de explicar as causas que levaram Portugal à situação em que se encontra actualmente. Como devem estar recordados, foi em meados da década de 90 que as principais bolsas mundiais começaram a evidenciar sinais de rinite alérgica devido ao excesso de pólen dos pinheiros portugueses. Os governos da altura, no entanto, nada fizeram para controlar o crescimento excessivo da fauna e flora autóctones, já para não referir a incapacidade de restringir o poder desmesurado dos fundamentalistas ambientais sobre o sistema democrático. Como consequência, assistiu-se ao acentuar da desregulação ambiental, que atingiu o seu paroxismo no início do século XXI.

Em poucos anos, milhares de pessoas com poucos rendimentos foram aliciadas pelos fundamentalistas ambientais para comprar reservas ecológicas. Os respectivos títulos de dívida que se geraram foram por sua vezes transformados nos famosos derivados florestais, criando uma bolha ambientalista que acabou por estoirar em 2008, com os resultados que estão à vista: uma crise global sem precedentes que deixou milhares sem emprego e com graves problemas alérgicos.

Passados quase cinco anos, a Europa e os Estados Unidos da América continuam transformados numa Amazónia gigantesca. Poucas ou nenhumas cidades resistiram à ganância dos fundamentalistas ambientais que, espante-se, continuam a deter um ascendente asfixiante sobre as democracias ocidentais. Por tudo isto, os grandes industriais foram obrigados a deslocalizar as suas unidades fabris para a Ásia, onde ainda subsistem vastas zonas urbanas livres de qualquer tipo de fauna e flora protegidas. Para trás deixaram, a contragosto, um exército de desempregados.

Esta é uma história sobejamente conhecida, retratada em livros e filmes. Agora que o ministro Álvaro Santos Pereira se inteirou da sua trama, é de esperar que tome as medidas que se impõem para devolver a esperança ao país. Em primeiro lugar, e num acto simbólico, deveria dar a cada pessoa um machado e uma espingarda para que começassem a derrubar as árvores e a abater a bicharada que cresceu desreguladamente nos últimos anos. Depois, é fundamental que leve à justiça os fundamentalistas ambientais que criaram tantas regras prejudiciais à nossa indústria e emprego. É bom que o faça rapidamente, uma vez que se trata de gente perigosa e fanática. Além de defenderem a economia verde e um crescimento sustentável, em harmonia com o meio ambiente, estão dispostos a dar a vida por essa causa, uma vez que acreditam piamente que, no dia em que morrerem, terão setenta e duas florestas virgens à sua espera no paraíso. 

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