Pela anglicização da língua portuguesa
Conheço várias pessoas que se queixam do alegado excesso de termos em inglês utilizados na língua portuguesa. Dizem-no como se se tratasse de uma realidade que estivesse aí, visível, audível, examinada, take for granted. Com toda a fairness, teoria mais rebuscada não pode haver. Estou em crer que terá nascido do underground mais profundo das suas mentes conspirativas. Não obstante, gostava que estivessem certos.
Na verdade, quem dera à sinuosa língua de Camões ser polvilhada pela rectilínea língua de Shakespeare. Provavelmente passaríamos a ter outra desenvoltura e outra coolness na maneira de nos expressarmos. A nossa comunicação deixaria de se enredar nos enredados verbos irregulares, de escorregar na escorregadia conjugação dos particípios passados e de se atolar no excepcional atoleiro das excepções gramaticais. Passaríamos a falar num bom asfalto linguístico, liso, sem buracos, o que nos permitiria ir straight to the point sempre que quiséssemos abordar um assunto. Além disso, o uso de termos em inglês daria prova do nosso cosmopolitismo a toda a Europa. Mostraria que somos pessoas trendy e com um mindset sofisticado, ajudando-nos assim a incrementar o nosso know-how e a fazer o tão desejado upgrade cultural. Sacudiríamos de vez o spleen que nos caracteriza e emergiríamos no mainstream da História Universal como actores de primeira linha.
O meu borderline dream é que um dia a nossa língua se transforme num permanente Verão algarvio, afogada em pints e com escaldões em terceiro grau. Para que tal aconteça, é importante fazer um meeting com os melhores experts linguísticos do país, dotados de um grande background cultural para que debatam a fundo esta questão. O cross de expertise ajudará a fazer o tão necessário match entre as diversas soluções a implementar. Tenho o feeling de que a partir desse momento será mais fácil direccionar as acções para o nosso target, a língua portuguesa.
Para desinfestarmos o português do excesso de latinismo que alardeia, teremos de enviar newsletters, distribuir flyers, comunicar above the line e below the line sem nos preocuparmos com o spam, espalhar outdoors, fazer flash mobs, happenings e realizar campanhas de advocacy face to face para que a awareness das pessoas sobre esta questão cresça. Não duvido que será um trabalho duro, mas que dentro em breve terá o merecido pay off.
A minha call final é para os empresários: tornem-se stakeholders na luta pela anglicização da língua portuguesa. Este é o timing certo para fazerem lobby de uma forma concertada, recorrendo ao networking entre todos os interessados. Ajudem-nos a tornar esta causa num hype único. Contamos convosco.
Até lá continuarei triste e portuguesmente a fazer degraus e musculação no meu ginásio, suspirando pelo dia em que possa fazer steps e bodybuilding no meu health club. É provável que sejam uma e a mesma coisa, mas em termos de pedantice não têm comparação.
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