O verdadeiro discurso de vitória nas Europeias

Caras amigas e caros amigos,

Esta noite conseguimos uma grande vitória! (aplausos) Obtivemos um resultado que superou as nossas expectativas mais optimistas e que, por esse motivo, nos dá ainda mais confiança no nosso trabalho e no futuro do nosso país. Pela primeira vez desde que somos uma democracia, ou seja, pela primeira vez em 40 anos, conquistámos a preferência de dois terços das portuguesas e dos portugueses! (aplausos) Repito: dois terços de apoio das portuguesas e dos portugueses! (aplausos) Este resultado demonstra de forma inequívoca que nós somos a verdadeira voz do povo e que vamos de encontro às suas preocupações mais profundas e à sua esperança de que tudo se mantenha na mesma. Por isso, minhas queridas amigas e meus queridos amigos, a hora é de celebrar em conjunto este triunfo retumbante, não esquecendo, porém, de agradecer a todas as portuguesas e a todos os portugueses o apoio que nos deram. A todas as portuguesas e todos os portugueses, o nosso muito obrigado. Vitória! Vitória! Vitória!



Minhas queridas amigas e meus queridos amigos, perante um resultado desta magnitude, apenas me ocorre fazer a seguinte pergunta: onde estão aquelas vozes que diziam que as portuguesas e os portugueses estavam descontentes e que queriam mudar de rumo? Onde estão aqueles que diziam que o povo estava cada vez mais indignado e que pretendia alterar o estado das coisas? Onde estão aqueles que diziam que por estar mau tempo e não haver futebol, mais portuguesas e mais portugueses iam acorrer às urnas? Pois é, ninguém os ouve agora, esmagados que estão pelo peso da nossa vitória histórica! (aplausos) Vitória! Vitória! Vitória!

Na verdade, minhas caras amigas e meus caros amigos, as manifestações e protestos que fomos assistindo ao longo destes últimos três anos não demoveram, nem por breves instantes, a nossa convicção na apatia e indiferença do povo português. Houve alguns mais descrentes que nos disseram que talvez devêssemos colar uns cartazes, escrever meia página de programa eleitoral ou mesmo, imagine-se, fundar um partido. (apupos) No entanto, nunca cedemos a esse tipo de pressões e a essa demagogia fácil, porque acreditámos sempre, mas sempre, na apatia das portuguesas e dos portugueses e que no momento certo iam demonstrar que estavam do nosso lado! (aplausos)

Bem sei que agora é fácil falar, mas eu sempre tive a convicção de que dentro de cada portuguesa e de cada português continua a viver um crítico inconsequente de mesa de café. Apesar do aumento gigantesco de impostos, apesar do desemprego galopante, apesar da emigração crescente de jovens licenciados, apesar do aumento da exclusão social, mantivemo-nos unidos na certeza de que as portuguesas e os portugueses não iriam sentir-se impelidos a votar. Por isso, posso dizer esta noite com orgulho que não há corte salarial, por mais profundo e injusto que seja, que tire as portuguesas e os portugueses do seu coma cívico! (aplausos) O executivo bem pode continuar com a sua política de despedimentos e de empobrecimento generalizado que não conseguirão que as portuguesas e os portugueses se levantem e vão massivamente às urnas eleger outros governantes! (aplausos) Pedro Passos Coelho e seus sequazes bem podem continuar a ir além desta e de todas as Troikas à face da Terra que o nosso povo continuará a preferir macaquear indignação no facebook, e redes sociais afins, do que a locomover-se até a um local de voto. A União Europeia pode continuar a tutelar-nos alegremente com os ditames que quiser e a caminhar alegremente para a desagregação que nós, por cá, continuaremos a urrar indignação contra o desejo de uma socialite de comprar uma mala de pele de crocodilo e a babar ódio nos fóruns TSF. 

Minhas queridas amigas e meus amigos, por muito que nos mintam, por muito que nos tirem, por muito que nos roubem, por muito que nos espezinhem, seremos sempre, mas sempre, indignados de esplanada, revolucionários de facebook e activistas de beira-mar! (aplausos) Vitória! Vitória! Vitória!

Viva a Abstenção! Viva Portugal! (aplausos) Vitória! Vitória! Vitória!

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