Menos Dalai Lama e mais offshores
É famosa a resposta de George Mallory quando lhe perguntaram por que razão queria escalar o Evereste: “Porque está lá.” Também poderíamos responder exactamente o mesmo se nos questionassem sobre o motivo de ainda nos indignarmos com as offshores: “Porque estão lá.” E talvez acrescentássemos com um encolher de ombros: “É assim. Não há nada a fazer.” São evidências como estas que nos confrontam com a nossa pequenez e impotência em alterar a ordem natural das coisas. Por muito que nos custe admitir, o Homem é apenas um joguete das forças da Natureza que tanto são capazes de criar num dia montanhas gigantescas e, no outro, paraísos fiscais. Apesar de ombrearem em termos de beleza e de monumentalidade, parece-me que atingir o cume de uma montanha com quase nove mil metros de altura é relativamente mais simples do que abrir conta numa offshore. Perder o nariz enquanto se sobe o Evereste é uma brincadeira de crianças quando comparado com as terríveis dificuldades em ter um saco azu...