A crise num centro comercial perto de nós
Os portugueses falam sobre o corte do subsídio de Natal nas mesas dos cafés e encolhem os ombros. Vêem na televisão as notícias sobre o galope do desemprego e sorriem com indulgência. Ouvem na rádio que os impostos vão aumentar e perguntam por novidades. Lêem no jornal que não vão abrir novos centros comerciais em 2012 e gritam espavoridos: “Meu Deus, a crise chegou!” Na condição de apreciador confesso de grandes superfícies de consumo, trata-se de uma notícia que me deixa triste. É em momentos como este que tomo pulso à verdadeira dimensão da carestia que nos está a afectar. Olho para o mapa de Portugal e pergunto-me, com os olhos emudecidos, o que será das boas gentes da Beira Baixa sem um Dolce Vita Alcongosta; qual o futuro da juventude alentejana sem um Canal Caveira Shopping; que sorte estará reservada aos transmontanos sem um Fórum Alfândega da Fé. Para muitos portugueses, os fins-de-semana vão deixar de fazer sentido. Os lisboetas, por exemplo, terão de se contentar em...