Vamos pôr Portugal no caixote do lixo

Depois do polvo Paul, o oráculo escolhido para adivinhar os resultados do Euro-2012 é um porco de Kiev. Se este demonstrar os mesmos dotes de adivinhação do que o molusco inglês, então Portugal será um dos grandes favoritos na competição. Como os suínos gostam de chafurdar em pocilgas e em todo o género de imundícies, basta que o nosso país mantenha a classificação de lixo por mais um mês para que o animal escolha sempre o lado onde está a bandeira nacional. Afinal, as agências de rating sempre têm alguma utilidade.

Claro que esta teoria acarreta alguns perigos. Se um ucraniano imigrado em Portugal vai bufar ao porco que nós comemos os seus familiares por inteiro, o animal irá exilar-se no asseio das asseadas bandeiras alemã, holandesa e dinamarquesa, deixando-nos fora do Euro logo na fase de grupos. É preciso que a embaixada nacional esteja atenta para que o trabalho do suíno não seja condicionado por este tipo de informações.

Se tudo correr como o previsto, o grande adversário de Portugal será a Grécia, seguida pela Espanha e depois pela República da Irlanda. Os quatro, que representam a vara da Europa, devem chegar às meias-finais da competição. A partir daí, a vitória caberá à equipa que conseguir apresentar o aroma mais nauseabundo ao porco de Kiev.

Nesse particular, é justo reconhecer que Portugal está uns passos atrás da Grécia que, segundo agências de rating, deve ter neste momento a classificação de “lixeira a céu aberto com vista para o Mediterrâneo”. E é preciso não esquecer a Espanha. Os nossos vizinhos estão a esforçar-se imenso para exalar uma fragrância semelhante a uma paella rançosa do tempo de Dona Urraca, capaz de deixar a salivar os mercados agiotas, passe a redundância, e também qualquer suíno oráculo, mesmo que congestionado do focinho.

Pelas razões acima apresentadas, Portugal tem de se precaver para que o seu fedor se sobreponha ao da Grécia e restantes semi-finalistas. Para começar, o Governo devia cortar a água para que nenhum anti-patriota tenha o desplante de tomar banho no próximo mês. Depois, todos os portugueses deviam vestir-se como o Luís Goucha, para que o porco de Kiev perceba que, no que toca à moda, temos gostos semelhantes. Também será um contributo importante traduzir o programa da Júlia Pinheiro para ucraniano e passá-lo durante 23 horas seguidas em todos os canais. Abrir um aterro sanitário no Parque Natural do Gerês é igualmente uma boa ideia, tal como substituir o hino nacional pelo kuduro de Quim Barreiros, intitulado “O Bilau”, o qual tem versos tão profundos como “estas mulheres estão todas loucas / é o dia inteiro com o bilau na boca”.

Por fim, o Alberto João Jardim deveria ser nomeado embaixador da equipa das quinas no Europeu, sobretudo se envergar a sua tanga carnavalesca. Quanto à selecção nacional, é fundamental escolher um cognome capaz de seduzir o refinado gosto do suíno ucraniano. Depois dos Magriços, dos Patrícios e dos Navegadores, parece-me que a escolha mais óbvia será alcunhá-la de Os Almeidas. Até já estou a ver a manchete dos desportivos após a vitória no Europeu: “Os Almeidas varrem a taça com uma limpeza deslumbrante” ou “Os Almeidas atiram os adversários para o caixote do lixo e arrebatam o troféu”.

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